AULAS DA MÃE CARMEM

CAPÍTULO I - (15/04/2011)


Queridos filhos e amigos da Oca de Orixá



Estou iniciando hoje uma série onde pretendo falar sobre Umbanda.

Isso inclui, formação, estrutura, raízes africanas, fundamentos e energia de Orixá.

Para entendermos, partiremos do principio.

A Umbanda é paz e amor

É um mundo cheio de luz

É força que nos dá vida

e a grandeza nos conduz

Hino da Umbanda (trecho)


Falar de Umbanda, nos dias de hoje, é mais que realizar um mero estudo teológico sobre as manifestações ritualísticas de seus cultos, nas suas mais diferentes vertentes, pois para esboçar um quadro histórico, ritualísico e social das tradições e manifestações da Umbanda no Brasil, hoje é necessário delimitarmos, em primeiro lugar, o que é a Umbanda.

Só que delimitar um conceito não é algo tão fácil, em especial quando falamos de religião, e justamente nessa palavra é que nos deparamos com as primeiras indagações; a Umbanda é uma religião ou uma seita religiosa? Quais são suas filosofias e os fundamentos essenciais? Como ela surgiu?

A Umbanda é por primazia, uma religião em todos os seus aspectos, e também uma seita, não de maneira pejorativa, mas no sentido primeiro da palavra, com seus tantos seguidores fiéis quer à religião, quer a toda prática religiosa que ela congrega.
Essa prática religiosa tem fundamentos doutrinários bem distintos, embora uma grande parte dos rituais possa variar de Templo  para Templo, de Casa para Casa, alguns preceitos são fundamentais e encontrados nas maioria dos lugares, o que faz com que possamos generalizar, com certa ressalva e cuidado, para todas as formas de Umbanda.Assim em primeiro ponto, podemos falar de uma fonte Universal, um Deus supremo, chamado Olorum (proviniente dos Yorubanos),  Zambi (proviniente das nações de culto bantu, como na nação Angola), em segundo lugar, cultua-se Orixás como manifestações divinas de Deus, em que cada Orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana em suas nescessidades e construções de vida e sobrevivência.

Meu motumbá a todos

Mãe Carmem


CAPÍTULO II - (22/04/2011)

Olá meus queridos


Nessa semana falaremos de entidades espirituais, os guias, que se manifestam para exercer o trabalho espiritual incorporados em seus médiuns: em geral essas entidades são espíritos encantados ou ainda desencarnados que, sob supervisão dos Orixás e de outros espíritos em diferentes graus de evolução, incorporam os médiuns para, dotados de plenas capacidades do plano físico, aconselhar e trabalhar em prol dos encarnados.

Isso na verdade, é a maior manifestação da crença de que a mediunidade é o mais pleno veículo de comunicação entre os planos físico e espiritual, um contato que busca a evolução, uma das mais importantes

bases da Umbanda Tradicional que perdura até os dias de hoje. Ao lado desse preceito, tal qual no catolicismo, a Umbanda prega imortalidade da alma, mas diferencia-se dele no sentido de acreditar na reencarnação e   as leis do retorno ou cármicas, pelas quais toda ação que praticamos  sofre uma reação ou seja, terá uma consequência a ser paga, seja no plano espiritual ou material. junto a esses, existem outros fundamentos tão importantes quanto a exemplo: a obediencia a ensinamentos básicos dos valores humanos, como fraternidade, caridade e respeito ao próximo.

Para nós Umbandistas praticantes, a caridade é uma máxima encontrada em todas manifestações existentes, além de que, ele só segue uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual, em geral modelada de maneira diferenciada em cada casa, mas que existe para garantir os trabalhos de cada casa, de cada terreiro, de cada ylê.

Agora que já vimos os conceitos e conhecemos alguns fundamentos, é necessário que falemos das origens da religião. Sabemos que a Umbanda, embora possuidora de um padrão ritualístico próprio e distanciado de qualquer outro, formou-se devido a junção de pelo menos quatro religiões: os diferentes cultos africanos trazidos da Àfrica pelos escravos, o catolicismo, processo colonizatório brasileiro, as religiões de diferentes povos indígenas do nosso próprio território e, mais recentemente, ao instituir-se no séc. XX, o espiritismo de Allan Kardec, principalmente.

Existe ainda, a Umbanda de Caboclo, com influência indígena,  umbanda esotéria e Iniciática, com influência em religiões pagãs de origem européia, Umbanda popular ou de Tradição em que encontramos um toque de cada veia ancestral.

Por isso, é que não existe uma única história que conte de maneira uniforme, a história de todos os caminhos e manifestações da Umbanda.

Cada vertente tem as suas origens e história.


Meu motumbá ...

Mameto Carmem Na-Bemi

CAPÍTULO III - 29/04/2011


Olá meus irmãos, amigos e filhos, motumbá asè para todos.

"Dê de graça. o que de graça recebestes com amor, humildade, caridade e fé."

Hoje faremos umas considerações iniciais antes de falarmos um pouco do que é HIERARQUIA.

Embora a Umbanda seja uma junção de elementos africanos ( orisàs e culto aos antepassados), indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza),católicos ( o europeu, que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos negros africanos), espíritas (fundamentos espíritas provenientes especialmente do kardecismo, reencarnação, lei do carma, progresso espiritual, etc...), ela é dotada, como poucas religiões do mundo, de um sincretismo ímpar, miscigenando conceitos e valores de todas essas origens.
Nesse contesto, a Umbanda prega uma existência pacífica e respeito ao ser humano, à natureza e a Deus, e até mesmo por suas origens tão diversificadas, a Umbanda possui um caráter plural, compreendendo a diversidade e valorizando as diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas por todos os praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto.
A HIERARQUIA


O culto umbandista se realiza, prioritariamente, em dois tipos de lugar: no Centro, terreiro, ylê, tenda etc..., mas também pode se realizar em ocasiões de festividades, comemoração ou trabalhos, no ambiente natural de alguns orisàs, pedreiras, matas, mar, cachoeira, etc... É então que os umbandistas e demais frequentadores se reúnem
para os atos celebratórios em honra de seus orisàs e guias, momentos estes conhecidos como engira ou gira.
Como uma religião espiritualista, a ligação entre os encarnados e desencarnados se faz por meio dos médiuns. Na Umbanda existem várias classes de médiuns, de acordo com o tipo de mediunidade, conforme já foi dito em nossos cursos.
Normalmente há os médiuns de incorporação, que irão "doar" seus corpos para os guias ou orisàs fazerem q se cumpra sua missão.
É preciso dizer, antes de tudo, que a diferenciação dos nomes de postos e cargos dentro da casa de santo varia, dada a liberdaade litúrgica típica da própria instituição. Um perfeito exemplo disso começa no topo da pirâmide hierárquica, o nome do responsável ou chefe ou mesmo dirigente de culto pode variar muito de casa para casa, embora o mais comum seja Pai ou Mãe, ou as respectivas versões em yorubá Babá e Yiá ou as nações, Mametu e Tatetu, ou simplismente Mame ou Tatá, que são de influencias das raízes africanas, remetendo ao vínculo espiritual de familia que se cria entre os mebros de uma Casa e a fraternidade que deve existir entre os filhos de um pai ou mãe.
Não raro é que encontraremos também, nomeados os chefes por Sacerdote ou Sacerdotisa, Zelador, Dirigente, Diretos de culto, Mestre, sempre dependendo da forma escolhida em cada casa.
Esses são os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, independente do tipo de mediunidade, normalmente fundadores do terreiro ou seus herdeiros escolhidos pelo plano material da casa, isto é, os mais velhos, e pelo plano espiritual, os guias e Orisàs, eles coordenam as sessões e giras, além de incorporar o guia-chefe que comandará os trabalhos.
Geralmente, a chefia da casa divide-se em duas cúpulas a espiritual e a material. A primeira é formada pelos guias chefes determinado pelo plano espiritual e o Pai ou Mãe da casa. O segundo é a cúpula material que é comandada por dirigente, mametus, tatetus (geralmente os mais velhos da casa), dependendo da nação seguida, esses ensinam, orientam entre outras coisas. Logo a seguir vem as Yákekerê e Babákekerê( pais e mães pequenos), assim forma-se a tríade Dirigente espiritual, osmais velhos (mametu e tatetu) e Yákekerê e babákekerê (pais e mães pequenas).
Assim pra entendermos melhor cada um desses papéis e outros decorrentes da necessidade de organizaão espiritual e material da casa, falemos mais detalhadamente sobre essas relações, a começar pela Yákekerê e babákekerê, que são os responsáveis materiais pelo cumprimento das ordens, que espirituais quer físicas, transmitidas pela Cupúla Espiritual.
São eles quem controlam a interação de todos os médiuns na disciplina, na pontualidade, no uso dos uniformes e paramentações, na organização e agendamento das obrigações da casa e de seus frequentadores, festividades, amacis, etc... Toda parte material dos rituais de um terreiro é responsabilidade deles, além de que, quando não estão incorporados, eles são os Cambones especiais do Guia chefe dos trabalhos.
Por hoje é só meus irmãos, meu motumbá a todos...


Mameto Carmem Na-Bemi

CAPÍTULO IV - 07/05/2011

Motumbá meus irmãos, filhos e amigos..

Hoje daremos continuidade ao assunto da semana passada, HIERARQUIA.

Continuando a discorrer sobre cargos na Casa de Umbanda, falaremos um pouco sobre os Cambones, figuras tão queridas e respeitadas dentro do Ylê, estes são pessoas bastante especiais, uma vez que são os responsáveis na casa , por cuidar dos médiuns enquanto as entidades usam seus corpos para o trabalho designado pelo plano espiritual.
Em geral, são pessoas de uma grande evolução espiritual, que podem ou não incorporar, isto é, seus guias e Orixás podem vir ao plano físico, ou simplesmente trabalhar única e exclusivamente no plano espiritual.
Mais que isso , o Cambone se vale de sua força para manter o equilíbrio das atividades e atender da melhor forma possível às necessidades da casa e de todos que frequentam.
Um deles, habitualmente. é escolhido para ser o Cambone de Ebé, subordinado à Mãe ou Pai Pequeno, sendo o único responsável por todas as entregas de trabalhos com energias negativas ou frutos de limpezas e purificações que forem feitas no terreiro. A força espiritual necessária para tanto deriva de muito equilíbrio e disciplina.
Muitos cambonoes também são responsáveis para ajudar médiuns despreparados na hora da incorporação. Eles são responsáveis por auxiliar nos atendimentos, cuidar para que as entidades obedeçam aos limites dos corpos de seus médiuns, servir para as entidades, quando possível e necessário, bebidas e tabaco, mas também conseguir evitar abusos com relação ao uso desses nos ritos do terreiro.
Logo em seguida temos as Yabasé, a mulher responsável pela cozinha do terreiro, pela confecção da comida, quer    das entidades e dos Orixás, quer de toda e qualquer comida necessária nos trabalhos. Uma herança direta dos ritos africanos, a comida e a bebida são vistas como alimento do corpo e da alma, portanto, são feitas de maneira sagrada, sem desperdício, com amor e na caridade, pois com o mesmo se paga aquilo que com amor e caridade se recebe.
As funções anteriormente citadas, em geral são tipicamente femininas.
Outras, contudo, são típicamente masculinas, como o caso dos postos destinados a ogã.
Dentro de uma Casa de Umbanda podemos encontrar o chamado Ogã Calofé, isto é, o responsável por toda a curimba a ser puxada no terreiro, instrutor de toques e responsável, abaixo da Mãe ou Pai Pequenos, é a pessoa especialmente preparada para isso.
Em geral, o toque do atabaque é atividade própria doe ogãs e, ao lado do Ogã Calofé, o Ogã de Curimba tem uma função bastante específica; ele puxa e responde aos pontos cantados durante a gira ou em qualquer outra ocasião necessária de acordo com o momento, e subordina-se ao Ogã Calofé e depois a Mãe ou Pai Pequenos, outros ogãs de atabaque encorpam o coro de percurssão, o papel deles no terreiro é fundamental, pois cada ponto tem um ritmo, uma maneira certa de ser tocado, pois a vibração  combinada com a emoção das palavras conduz ao transe que permite a incorporação do médium.
Por último, é essencial falar que existem os chamados Terreiros de Nação, isto é Casas de Umbanda diretamente ligadas a alguma Nação de Candomblé, (nagô, angola, etc...) dada a miscigenação, nessas variantes, os nomes sofrem modificações e surgem cargos antes inexistentes na Umbanda tradicional.
Um exemplo disso é o médium que detém a Mão de Ofá e a Mão de Faca. O primeiro está especialmente preparado para fazer a colheita e a quinagem das ervas usadas na Umbanda para amacis, confirmações, remédios e banhos de purificação. Já aquele que detém a mão de faca é aquele que pode executar sacrifícios de animais quando necessário.
Para finalizar, é necessário dizer que a existência de uma HIERARQUIA não torna um ser humano superior ao outro por ocupar um cargo mais elevado ou um posto de maior prestígio. Vale lembrar que a Umbanda se baseia na igualdade entre os homens e na fraternidade. Entre irmãos não há superiores ou inferiores, todos são filhos do mesmo pai, a HIERARQUIA, vem para manter a ordem e a disciplina.
Meu motumbá a todos, fiquem na paz de minha mãe Nanã de Buruku,  asè


Mameto Carmem Na-Bemi

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CAPÍTULO V - 14/05/2011

Motumbá queridos amigos, filhos e irmãos

apartir de hoje, daremos inicIo á uma nova matéria, falaremos um pouco de Orisà ou Orixá , vamos começar descrevendo um pouco de cada Orisà.


Exú

Mensageiro dos Orixás, ele é o primogênito do universo no mito da gênesis dos elementos cósmicos. É o resultado da integração água e terra, masculino e feminino, sendo o terceiro elemento. Cultuado entre os Orixás, apenas por seu intermédio é possivel adorar as Yabás-Mi (as feiticeiras). Traçar e abrir caminhos é uma das suas principais atividades, pois ele circula livremente entre todos os elementos do sistema. É o princípio da comunicação. Esta fortemente representado no Opon-Ifá (tábua adivinhatória de Ifá – Deus da Adivinhação) pelos triângulos e losângulos. O sistema oracular funciona graças a ele.
Está profundamente associado ao segredo da transformação de materiais em indivíduos diferenciados. Exú é o alter ego de todos os indivíduos.
É o princípio dinâmico da expansão (evolução), agente de ligação, princípio do nascimento de seres humanos, princípio da reparação (causa/efeito). Exerce o papel de propulsor do desenvolvimento, de mobilizador, de fazer crescer, de ligar, de unir o que está separado, de transformar, de comunicar e de carregar. Todos os Orixás necessitam de suas forças, pois ele está ligado à evolução e ao destino de cada um.
Exú é o primeiro que se serve e se cultua, é o Senhor, o decano de todos os elementos.
Exú representa a esfera de Hod está relacionado diretamente com Toth, Hermes, Mercúrio, Loki, Anansi, Ogma, Prometeus e todos os deuses e heróis professores e responsáveis por carregar os ensinamentos do Divino para os Homens. Hod faz a ponte da linguagem, entre os sentimentos e o pensamento abstrado, sem o qual não haveria o método científico nem o armazenamento do aprendizado.
Apesar de ser um dos mais importantes Orixás, a Igreja Católica, através dos  Jesuítas, sincretizou o Exú na figura do Diabo, associando ao demônio elementos como o tridente, a cor vermelho e
preta e o falo. Os ignorantes das Igrejas Neopentecostais propagam esta besteirada em suas perseguições às outras religiões e cultos, gerando muito do preconceito em relação aos Umbandistas e praticantes das religiões afro-brasileiras.

Que a sabedoria de Esù nos faça cada vez melhores, motumbá

Mameto Carmem Na-Bemi


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CAPITULO  VI - 21/05/2011


Motumbá meus queridos amigos, irmãos e filhos


Hoje daremos continuidade a nossa matéria que fala sobre Orisà.

OBALUAIYÊ

Obaluaiyê quer dizer “rei e dono da terra”; sua veste é palha e esconde o segredo da vida e da morte. Está relacionado a terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol – calor que lembra a febre das doenças infecto-contagiosas. O lugar de origem de Obaluaye é incerto, há grandes possibilidades que tenha sido em território Tapá (ou Nupê) e se esta é ou não sua origem seria pelo menos um ponto de divisão dessa crença. Conta-se em Ibadã que Obaluaye teria sido antigamente o Rei dos Tapás. Uma lenda de Ifá confirma esta última suposição.
Obaluaye era originário em Empê ( Tapá ) e havia levado seus guerreiros em expedição aos quatros cantos da terra. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas.
Obaluaye representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha (AZÊ) que tampa seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o sol diretamente. Esta forte mente relacionado os troncos e os ramos das
árvores e transporta o axé preto, vermelho e branco. Sua matéria de
origem é a terra e, como tal, ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espiritos contidos na terra. O
colar que o simboliza junto com Nanã é o ladgiba, cujas contas são feitas da semente existente dentro da fruta do Igi-Opê ou Ogi-Opê, palmeiras pretas ou chifre de búfalo. Usa também bradga, um colar grande de cauris. É interessante notar que a lenda de Omolu/Obaluaye mescla toda a transição alquímica, da TERRA até o SOL (ou transformação de Chumbo em Ouro), tal qual diversas outras mitologias e seus heróis na jornada de Malkuth até Tiferet.

Motumbá , fiquem na paz.

Mameto Carmem Na-Bemi


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CAPÍTULO VII - 28/05/2011

Motumbá a todos

Continuando com os Orisàs, hoje falaremos da senhora de todas cabeças YEMANJÁ

YEMANJÁ

Yemoja na Africa Iemanjá, cujo nome deriva de Yèyé omo ejá (“Mãe cujos filhos são peixes”), é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemoja.
As guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokutá, no início do século XIX. Evidentemente, não lhes foi possível levar o rio, mas, em contrapartida, transportaram consigo os objetos sagrados e os suportes do axé da divindade. Yemanjá seria a filha de Olorum, Deus único, e é considerada o orixá do mar. Do casamento de Oxalá e Iemanjá (O Casamento alquímico entre o Sol e a Lua) nasceram todos os demais orixás.
Deusa das águas, mares e oceanos, é a manifestação da procriação, da restauração, das emoções e símbolo da fecundidade. Está associada ao poder genitor, a interioridade, aos filhos contidos em si mesma. Seu adedé (leque) simboliza a cabeça mestra. Ela é muito bonita, vaidosa e dança com o obebé (espelhinho) e pulseiras. Na Nigéria ela é patrona da sociedade Geledes, sociedade feminina ligada ao culto das Yamis, as feiticeiras. No Rio de Janeiro, Santos e Porto Alegre, o culto a Iemanjá é muito intenso durante a última noite do ano, quando centenas de milhares de adeptos vão, cerca de meia noite, acender velas ao longo das praias e jogar flores e presente no mar.
Iemanjá está diretamente relacionada a Yesod e corresponde a todas as deusas lunares e guardiãs dos mistérios, como Ísis, Hecate, Selene e Diana.

Motumbá, fiquem na paz de mãe Yemanjá,
Mameto Carmem Na-Bemi

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CAPÍTULO VIII - 04/06/2011

Motumbá meus queridos, hoje falaremos da grande mãe das águas doces orayê yê o

Oxum

Dona das águas. Na áfrica, mora no rio oxum. Senhora da fertilidade, da gestação e do parto, cuida dos recém-nascidos, lavando-os com suas águas e folhas refrescantes. Jovem e bela mãe, mantém suas características de adolescente. Cheia de paixão, busca ardorosamente o prazer. Coquete e vaidosa, é a mais bela das divindades e a própria malícia da mulher-menina. É sensual, exibicionista, consciente de sua rara beleza. Se utiliza desses atributos com jeito e carinho para seduzir as pessoas e conseguir seus objetivos.
Osun é chamada de Yalodê, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade, além disso, ela é a rainha de todos os rios e exerce seu poder sobre as águas doces, sem a qual a vida na terra seria impossível. Dança de preferência sob o ritmo de sua terra: Igexá. Sua dança lembra o comportamento de uma mulher vaidosa e sedutora. Oxum está relacionada diretamente com Netzach e corresponde às deusas da beleza de todos os panteões, como Vênus, Afrodite, Ishtar, Astarte, Frigga e Lakshmi.

Que as águas doce da mamãe Oxum, possa nos conduzir sempre aos caminhos do bem.

Mameto Carmem Na-Bemi

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CAPÍTULO IX - 11/06/2011

Motumbá meus irmãos, filhos e amigos, hoje falaremos de nosso Pai da criação ÊPA BABÁ

Oxalá

Oxalá, Orixalá ou Oxalufan é a primeira forma de orixá que foi criada por Olorun depois de Exu, no início dos tempos, sendo associado ao ar, que existia antes da criação da Terra, e também à água do início da existência. É o irradiador da fé. Oxalufan está ligado à cor branca, ou incolor, sendo o primeiro na hierarquia dos fun-fun (os que vestem branco). Detém o axé da criação de todos os seres da Terra. Está ligado à gênese do universo e foi o primeiro orixá criado por Olorun.
Representa a maturidade, a sabedoria e o equilíbrio. Veste-se inteiramente de branco, sendo responsável pela manutenção da paz e da tranqüilidade entre os seres criados.
Na mitologia africana, é considerado o pai de todos os orixás e de todos os seres vivos, sendo, por esse motivo, constantemente reverenciado em festas públicas e diversos rituais. Está sempre presente nas antigas lendas, representando a figura veneranda de um
pai. Sua posição é muito destacada, tendo o respeito de todos os orixás, que se curvam à sua presença.
Oxalá (o Sol) é pai de todos os principais Orixás, junto com Iemanjá
(a Lua), dos quais simbolicamente resultam do Casamento Alquímico de Osíris-Ísis.

Oxalá é o Orixá da criação é a luz que me ilumina é a força da união, epá, epá, epá babá aê ..

Que pai Oxalá irradie a fé em cada um de nós, asè

Mameto Carmem Na-Bemi

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CAPÍTULO X - 18/06/2011

Motumbá meu irmãos, hoje falaremos de OGUM orixá do ferro.

OGUM
Divindade masculina iorubá, figura que se repete em todas as formas
mais conhecidas da mitologia universal, Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exú, está mais próxima dos seres humanos. O Guerreiro sempre foi a figura mítica do deus mais invocada, já que é sua função realizar no astral as guerras que os seres humanos não conseguem travar ou vencer na sua luta cotidiana.
Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros
cultos, notadamente pela umbanda, onde é muito popular. É sincretizado comumente com São Jorge, tradicional guerreiro dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.
Ogum é aquele que gosta de iniciar as conquista mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas. Na África Ogum é o Deus do ferro ,a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim, seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam o ferro: ferreiros, barbeiros etc…É por extensão o orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia.
Tem correspondência com Thor, Ares, Hefaestus, Marte, Vulcano, Bodicea, Indra e Hórus. Com todos os deuses ligados à guerra ou ao
manejo do ferro.

Que as fôrças de Pai Ogum, esteja sempre ao nosso lado, para que possamos vencer nossas lutas diárias, patacuri Ogum ...

Mameto Carmem Na_bemi

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CAPÍTULO XI - 25/06/2011

Motumbá a todos, hoje falaremos do grande Pai Oxosse, o caçador de almas, do alimento do homem que é o conhecimento .

OXOSSE

Numa visão antropológica os orixás são vibrações de energia, cada um numa faixa própria, com as quais os seres humanos se identificam, o que justifica a existência de “filhos” de diferentes orixás. Numa visão teológica, os orixás são divindades s serem respeitadas e cultuadas por seu filhos, que com eles entrariam em contato através de diferentes rituais disseminados na cultura tribal africana e que no Brasil estão agrupados sob o rótulo de uma religião: o Candomblé e a Umbanda.
Nesse sentido, dois orixás iorubás fogem da tradição básica: o mago
Ossain, o solitário senhor das folhas e Oxóssi , o caçador. Ambos são irmãos de Ogum na maior parte das lendas e possuem o gosto pelo individualismo e o ambiente que habitam: a floresta virgem, as terras verdes não cultivadas. A floresta é a terra do perigo, o mundo
desconhecido além do limite estabelecido pela civilização iorubana, é o que está além do fim da aldeia. Nela o homem não tem a proteção da organização social, do maior número de pessoas. Os caminhos não são traçados pelas cabanas, mas sim pelas árvores, o mato invade as trilhas não utilizadas, os animais estão soltos e podem atacar livremente. É o território do medo. Oxóssi é o orixá masculino iorubá responsável pela fundamental atividade da caça. Ossain é o Senhor do conhecimento de todas as ervas e também do Ifá.

Que o Ofá de Pai Oxosse nos defenda da ignorancia, da intransigência e do preconceito, OKÊ ARÔ 

Motumbá
Mameto Carmem Na-Bemi

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CAPÍTULO XII - 02/07/2011

Motumbá a todos, hoje falaremos de XANGÔ o nosso pai da justiça,
senhor dos coriscos e do trovão, KAÔ XANGÔ

Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil.
Isso porque foi ele o primeiro deus iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras. É, portanto, o principal tronco dos candomblés do Brasil.
Xangô é o rei das pedreiras, Senhor dos coriscos e do trovão, Pai de justiça e o Orixá da política. Guerreiro, bravo e conquistador, Xangô
também é conhecido como o Orixá mais vaidoso, entre os deuses masculinos africanos. É monarca por natureza e chamado pelo termo Oba, que significa rei. E é o Orixá que reina em Oyó, na Nigéria, antiga capital política daquele país.
No dia a dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos. Encontramos Xangô nas lideranças de sindicatos,
associações, movimentos políticos, nos partidos políticos, nas campanhas políticas, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, a vontade, a iniciativa. Xangô é a rigidez, a organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso cultural e social, a voz do povo, o levante, a vontade de vencer.
Xangô é a capacidade de organizar e pôr em prática os projetos de diferentes áreas, é a reunião de pessoas, para discutirem pontos e estratégias de trabalho. Xangô também é o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança.
Xangô traz as Rígidas leis de Binah, a Esfera da Restrição e das Leis.
Não as leis dos homens, mas as leis imutáveis da física e da natureza, dos quais ninguém pode escapar.

Que a justiça de Pai Xangô, esteja sempre ao nosso lado.

Motumbá
Mameto Carmem Na-Bemi

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CAPÍTULO XIII - 09/07/2011

Motumbá meus queridos, vamos falar hoje da senhora da espada de fogo EPARREI BELA OYÁ

IANSÃ

Deusa da espada de fogo, Dona das paixões, Iansã é a Rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais. Orixá do fogo, guerreira e poderosa. Mãe dos eguns, guia dos espíritos desencarnados, Senhora dos cemitérios. Não é muito difícil depararmo-nos com a força da Natureza denominada Iansã (ou Oyá). Convivemos com ela, diariamente. Iansã é o vento, a brisa que alivia o calor. Iansã é também o calor, a quentura, o abafamento. É o tremular dos panos, das árvores, dos cabelos.
É a lava vulcânica destruidora. Ela é o fogo, o incêndio, a devastação pelas chamas. Oyá é o raio, a beleza deste fenômeno natural. É o seu poder. É a eletricidade. Iansã está presente no ato simples de acendermos uma lâmpada ou uma vela. Ela é o choque elétrico, a energia que gera o funcionamento de rádios, televisões, máquinas e outros aparelhos. Iansã é a energia viva, pulsante, vibrante.
Sentimos Iansã nos ventos fortes, nos deslocamentos dos objetos sem vida. Orixá da provocação e do ciúme. Iansã também é a paixão. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax, o orgasmo do homem e da mulher. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase “estou apaixonado” tem a presença e a regência de Iansã, que é o Orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúmes doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão, propriamente dita.
Iansã é a disputa pelo ser amado. É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado, no campo amoroso. É até mesmo a vontade de trair, de amar livremente. Iansã rege o amor forte, violento. Oyá é também a senhora dos espíritos dos mortos, dos eguns, como se diz no Candomblé.
É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser percorrido por aquela alma. Iansã corresponde ao Caos primordial, à
fúria dos elementos naturais da criação, representada na Esfera de Hochma.

Que a espada de Oyá, venha sempre em nosso socorro.